terça-feira, 29 de março de 2011

A Última Noite de Brook

Oooi pessoal, sou eu, o Rain a Caah! Bem, eu não resisti, hoje durante a aula fiz uma oneshot sobre os últimos momentos da Brook com POV do Rain. Se quiserem fazer uma narrativa assim ou algo do tipo q não será possível interpretar, sintam-se à vontade, é só me mandar depois e eu posto aqui \o/

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A última noite de Brook
A noite estava extremamente fria, uma característica a ser lembrada, já que nas horas, dias, semanas e no ano seguinte, eu continuaria a senti-la intensamente. A única diferença é que eu a sentiria dentro de mim.
Naquela manhã eu havia acompanhado minha irmã até um vilarejo trouxa onde uma amiga dela da Lufa-Lufa passava o verão. A garota era nascida trouxa e de uma família muito pobre. Ainda sim, aquele vilarejo tinha gente ainda mais pobre do que ela e minha irmã me convenceu a levar-lhes algumas coisas necessárias. Voltamos em cima da hora para o almoço e nosso pai não desconfiou de nada.
Pelo menos eu achei que não.
Meu pai vem de uma família com descendência de sangue puro. Não havia nenhum trouxa ou mestiço na nossa família. Ele se orgulhava demais disso e desprezava os trouxas. Desprezava muito.
Talvez esse realmente não seja um bom motivo, mas foi o motivo que ele usou para fazer o que fez naquela noite surpreendentemente fria.
Eu já tinha ido para o meu quarto e me preparava para dormir quando notei que não encontrava minha varinha. Não me incomodei com isso até ouvir um barulho de algo se quebrando no quarto ao lado. Isso me preocupou e eu fui ver o que era, pois o quarto ao lado era o da minha irmã, Brook.
Quando eu abri a porta, a primeira coisa que vi foi o abajur de Brook estatelado no chão, em pedaços. A segunda foram as costas dos meus pais. Minha mãe se virou ao notar minha presença. Ela parecia ligeiramente afetada, perturbada, mas reconheci minha varinha e a de Brook -- cerejeira, 27cm, flexível com núcleo de pena de hipogrifo, boa para feitiços complexos; era bonita, tinha rosas entalhadas e uma bela coloração lilás sobre a madeira -- e não parecia querer soltar tão cedo. Foi então que vi nas mãos de meu pai uma faca de cozinha. Franzi o cenho, estranhando.
Então vi Brook do outro lado do quarto, acuada contra a parede e com um corte no braço, sangrando. Ela não parecia se importar, as olhava na defensiva para nosso pai.
-- O que está... -- comecei, mas então percebi. Ele descobrira.
Ele sabia sobre como Brook ajudava os trouxas. Imediatamente disparei de perto do meu pai para o lado da minha irmã, colocando-me na frente dela para evitar que alguma investida a ferisse.
-- Você não vai tocá-la -- avisei.
-- E quem é você para me proibir, Rain? Huh? Você é por acaso cúmplice dela?
-- Como se ela tivesse cometido algum crim...
-- Ele só foi junto porque eu insisti -- Brook disse, lançando um olhar de aviso a mim. Eu sabia que aquele olhar significava "cale a boca ou vai se ver comigo!". Depois de catorze anos de convivência você desenvolve esse tipo de capacidade.
-- Brook -- comecei.
-- Quieto -- ela me cortou. Por seu olhar eu soube que aquela situação era mais complicada do que do que uma simples briga familiar. O corte em seu braço comprovava isso. Meu pai suspirou.
-- Eu só quero saber -- disse -- De quem foi a ideia?
-- Minha -- dissemos ao mesmo tempo. Ela me deu um tapa no braço.
Papai esboçou um sorriso maldoso.
-- Felizmente, Rain, você nunca soube mentir para mim.
Então ele nos atacou. E ele teria me matado -- acho que para ele não fazia diferença, ele queria dar uma lição em ambos e ambos sofreriam com qualquer resultado -- se Brook não tivesse me empurrado para o lado e a faca não tivesse penetrado em seu peito.
Por um momento, tudo pareceu vazio, passando em câmera lenta, quase como se para prolongar o frio daquela noite. Como se quem estivesse levando a facada fosse eu e não ela. Eu vi os olhos de Brook perderem o foco e meu pai puxar a faca de dentro dela, permitindo que o sangue jorrasse por seu pijama branco limpo. Ela perdeu o equilíbrio e caiu no chão bem à minha frente.
-- BROOK! -- gritei, ajoelhando-me ao seu lado e apoiando sua cabeça em meus joelhos. -- BROOK! NÃO!
Ela virou o rosto na minha direção, mas não me via exatamente. Seus olhos estavam desfocados e opacos enquanto ela suportava a dor.
-- Rain -- sussurrou com voz fraca.
Lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Mais pareciam gotas de lava sobre minha pele fria. Notei uma lágrima escorrer do rosto dela também até que sua respiração parou de funcionar. Seu coração parou de bater. Suas veias pararam de pulsar. E eu soube que não veria mais aquela boca sorrir, aqueles olhos brilharem ou aqueles braços me abraçarem... nunca mais.
Minha visão começou a enbaçar e eu ergui os olhos para meu pai. Ele retribuiu com um olhar gélido e pegou das mãos finas de minha mãe nossas varinhas, jogando-as ao lado de Brook para jazer junto a ela.
Não. Definitivamente não era um bom motivo, mas era a desculpa esfarrapada que ele estava usando aquela noite. Seu ódio pelos trouxas havia chegado a um extremo indeterminável e ele iria se arrepender dessa noite. Eu o faria se arrepender.
Mas por hora, a única coisa que eu podia fazer enquanto observava-o, entre lágrimas, sair do quarto, era sentir frio. Pois todo o frio daquela noite instalara-se dentro de mim naquele dia.

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